segunda-feira, 20 de abril de 2015

"UBÁ NOTÍCIAS" POSTAGEM Nº1324 - ANO 5

         
                         



Lígia Aroeira Ferreira


FIQUE POR DENTRO


1ª ETAPA CARIOCA OPEN 2015 



 Atletas de Ubá detentores de títulos estaduais e nacionais, estarão presentes mais um ano nas versões do estadual da FITERJ.
O campeonato, organizado pela FITERJ - Federação Interestilos de Taekwondo do Estado do RJ, acontecerá em 24 de maio, na Ilha do Governador/RJ.
Boa sorte aos nossos conterrâneos.

Informação: Rafael Antônio Toledo - Prof. de Taekwondo



Elza Marcato



EM DIA COM A NOTÍCIA

SAÚDE  EM  UBÁ
A Secretaria de Saúde acaba de introduzir a SHANTALA como prática Integrativa Complementar de Saúde.
A SHANTALA (massagem para o bebê) originada da Índia, em Calcutá, foi desenvolvida pelo médico francês Frederick Leboyer, que fotografou a sequência completa de massagem.
Benefícios: vínculo afetivo, melhoria de cólicas, reduz a incidência de doenças
respiratórias, estimula a musculatura do bebê.

Fonte: Assessoria de Comunicação da PMU



Márcia Aroeira Barbosa



FOTOS E FATOS

HOMENAGEADO
FESTA UBAENSE  - BH/2015
Artur Araújo e a esposa Kátia
                     
                         ESPAÇO ABERTO
É como um sonho encantado
que não termina jamais:
Ubá meu berço incrustado
dentro de Minas Gerais.
                                       Olympio Coutinho
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Histórias de Ubá - Jacy Silva – Alfaiate
23/3/2015 - Rona Mazza
      Jacy Silva era um excelente mestre no nobre ofício de confecção de roupas. Tranqüilo e paciente trabalhava com esmero e capricho, daí sua grande clientela. Seus ternos eram reconhecidos pelo caimento perfeito e fazia quantas provas se fizessem necessárias para a roupa ficar ao gosto de seus elegantes clientes.
      Questão de honra para o respeitado profissional.
    Sua movimentada alfaiataria ficava ali na rua Duque de Caxias, logo após a Agência Espósito, pertinho da praça Guido naquela época o ponto de encontro da sociedade ubaense e das dezenas de visitantes que aqui aportavam vindos principalmente no trem noturno, que partia do Rio de Janeiro ou do expresso, que saía de Juiz de Fora, normalmente com algum atraso. E cabia ao chefe da estação escrever com gastas pontas de giz no quadro de avisos que ficava dependurado na parede da plataforma de embarque.     O atraso do comboio (olha o Kaniff ...) era anotado em minutos, talvez por que minuto é mais rápido que hora: “ O Expresso de Juiz de Fora está com 752 minutos de atraso”, avisava. Interessante é que a The Leopoldina Raywells era inglesa e lá na Inglaterra, até hoje, os trens primam pelo horário: antes da hora não é hora, depois da hora não é hora. Aqui como lá foi aplicada a mesma tecnologia na construção e implantação das linhas férreas. Por que os atrasos?  “Tão Brasil...”, né não Manoel Bandeira?
     Bons tempos da Guido Marliére, oficial do exército francês que veio de Portugal com D. Pedro e aqui aportou convivendo com os índios Puris e Coroados com os quais mantinha estreita ligação e laços de infinda amizade (né Doró?). E ainda nos legou a fundação da Cidade Carinho.
      A praça era uma efervescência, com o Bar do Ponto – que era o point, como diriam hoje os jovens, além do Bar Glória, que, segundo o Tânus Feres era, entre um cafezinho e outro, “o melhor lugar para resolver os problemas do Brasil”, e o Bar Cristal onde o China fazia ponto à procura de algum desavisado cidadão portador de  manchas na pele que ele, funcionário público atuante que era, procurava internar na Colônia Padre Damião, mas aí é outra história. À noite o simpático China dava expediente no Marrocos Bar, do Paulo Leitão, ponto da sadia boemia, assim  como o Enio’s Bar, que tinha lá um afinado piano dedilhado pelo Ênio Guilhermino e até por Ary Barroso.
     O Ubaense Hotel, recém-inaugurado pelo “seu” Lopes e mais o Centenário Hotel, o Palace Hotel, comandado pelo “seu” Buquinha, sempre lotados de viajantes e o Grande Hotel, com modernas e confortáveis cadeiras de aço espalhadas no largo passeio onde aconteciam as paqueras domingueiras após a sessão das seis do Cine Brasil, enchiam a praça de alegria. E era nestas cadeiras, apelidadas “Caça-Marido”, que as moças casadoiras sempre bem maquiadas, marcavam ponto esperançosas à espera de um futuro relacionamento. (Tô certo, Doró?).
     E era pelo trem da Estrada de Ferro Leopoldina que chegavam as mercadorias para abastecer o movimentado comércio ubaense, inclusive os tecidos para as alfaiatarias da cidade: Muzzitano, Lauria, Budega, Tute Tibiriçá, A Tropical e a alfaiataria do Jacy. Eram tecidos de qualidade superior, importados diretamente de Londres. De lá vinham o tropical inglês, normalmente escuros ou com suaves listras mais claras e o linho S-120, de cor branca, o preferido dos homens bem-apessoados, como o Nadir Aroeira, considerado o homem mais elegante destas plagas (olha o Kaniff outra vez ...). Era coisa pra poucos e o Jacy mantinha um estoque de causar inveja, sempre renovado e sempre com novidades. Além de excelente profissional, nosso homenageado facilitava o pagamento e dava crédito. Às vezes, por sua boa índole, confiando até demais, como veremos a seguir.
    Esta história quem adorava ouvir e contar era o meu saudoso amigo e irmão Aloísio Tico-Tico. Vamos lá.
     Havia na cidade um corretor de seguros de vida e de outras apólices, como aquela da extinta seguradora Prolar, que anunciava  na Rádio Nacional, a emissora de maior audiência da época: “Para sua felicidade um lar...para um lar, um título da Prolar...”, era o mote da propaganda, que o ouvinte escutava como uma ordem de compra. Até hoje não se sabe se quem adquiriu o título recebeu sua casa.
    Pois bem, o corretor, de nome Tatão, vestia-se com apuro, sempre de S-120. Mas tinha o hábito, digamos assim, de não saldar suas contas. Aconteceu que precisava de um terno para apadrinhar um casamento e, obviamente, para continuar mantendo a linha elegante perante seus clientes.
     Este hábito, de não honrar compromissos, estava lhe custando caro: seu crédito em todas as alfaiatarias estava no livro negro. Encostado na ponte da São José, matutando com seus botões, lembrou-se  do Jacy Silva. Não era freguês dele e passaria a ser. Passa um amigo, já quase na hora do almoço e o convida para subirem juntos a São José até o “ponto do ônibus” (obs.: era no final da avenida governador Valladares, subida da rua do Divino, onde a cidade acabava. Perto dali era o Lava-Pés) onde ambos moravam. “Vamos subir sim, mas antes venha comigo até a alfaiataria do Jacy”. O amigo, que já conhecia as matreirices do corretor, seguiu pra ver como seria o manjado enredo do próximo filme.
     Tatão subiu o degrau da loja, cumprimentou o exímio alfaiate, elogiou seu volumoso estoque e arriscou pedindo prazo pra pagar. “Afinal, os negócios com essa crise não andam nada bem, né seu Jacy? Vou apadrinhar um casamento de gente chic no Rio de Janeiro e preciso de um terno costurado com linho de qualidade e com acabamento impecável como o seu”., derramava-se em elogios.
     Com esse intróito e o crédito liberado, Jacy dá início ao seu trabalho tirando as medidas do freguês. “Para um pouco, seu Jacy. O senhor ainda não me falou o preço do terno. Se for muito caro, nem vou fazer e aí nós dois vamos perder nossos preciosos tempos”.
     O alfaiate então toma do lápis e começa a fazer suas contas. O corte do famoso S-120 não era barato e o freguês fez cara de susto, quando viu o preço. Não me lembro da moeda que vigorava naqueles anos 1950, mas vamos lá: “Mil e quinhentos cruzeiros? Tá doido, seu Jacy? Assim não dá...o senhor tem que fazer uma diferença...”
     Jacy então pensa um pouco, coça a cabeça - a hora do almoço chegando e dá um desconto. “Mil e quatrocentos? Muito caro...sou um simples corretor”. E continuou seu discurso e o amigo, que já conhecia suas peripécias comerciais, continuava pacientemente assistindo pra ver o desenlace. Tanto fez que o preço desceu e estacionou em 1.100,00 cruzeiros. Fechado!
      Feitas as medidas, faltava marcar a prova. Mas Tatão deu uma última chorada: “Seu Jacy, o senhor já notou meu tamanho? Eu meço apenas um metro e meio!!! O senhor há de convir que meu terno gasta muito pouco pano”. Pronto, pra encerrar a choradeira o preço final ficou em mil cruzeiros. “Olha seu Jacy, fica combinado que na volta da viagem, na segunda-feira cedinho, eu venho aqui e acerto com o senhor. Vou pagar à vista!”.
     E o alfaiate confiou, como sempre fazia, não imaginando que desta vez iria ficar a ver navios. Ou trens...
     Proposta aceita, apertos de mão e Tatão ainda marca uma outra visita “venho aqui te vender um título da Prolar, você vai ganhar uma casa!!!”.  Golpe duplo, quem sabe.
     Descem os dois amigos a Duque de Caxias e ao passarem pelas pesadas portas do Banco de Crédito Real, logo após a ponte, quase em frente a loja de bicicletas do Zé Ramos Alvim, o amigo até então calado, pergunta curioso: Ô Tatão, até agora não sei porque você pediu tanto desconto no preço do terno...Você não vai pagar mesmo!!!
     E Tatão, com seu risinho  característico, foi direto:

“Mas aí o prejuízo dele fica menor...”
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