quinta-feira, 7 de julho de 2022

"UBÁNOTÍCIAS"POSTAGEM N°3005-ANO 12

  Lígia Aroeira
Fernanda Carneiro








Fernanda Carneiro é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz(Fiocruz). 
A mineira, conhecida como Manga Rosa, fez parte da geração que aportou por aqui nos anos 70 em busca de paz e amor. 
Das peripécias vividas naquele tempo, nasceu o livro “Nativos e biribandos: memórias de Trancoso”, com referências teóricas na antropologia filosófica. 
Na pesquisa, Fernanda teceu uma trama de relatos históricos acerca do paraíso dos hippies. 
Destacam-se desde as falas de velhos moradores de uma Trancoso sem energia elétrica até as notas de jesuítas viajantes do século XVI.

Fonte: "Acontece em Trancoso"
Por Aýla Lourenço
 
Confira nosso bate-papo com a escritora!
A entrevista na íntegra está no "ESPAÇO ABERTO" (Abaixo)

O Livro 
Nativos e biribandos - memórias de Trancoso



























________________________

Elza Marcato
ESPORTE EM UBÁ

















CAMPEONATO REGIONAL DE UBÁ
Foi realizado sorteio de grupos do Campeonato Regional de Ubá, organizado pela Liga Atlética Ubaense(LAU). 
A competição conta com 12 equipes.

CHAVE A - Nacional(VRB) - Industrial Cruzado - Nacional  de 
                      Senador Firmino 
CHAVE B - Itararé - Spartano - Bonsucesso - Diamantense
CHAVE C - Cruzeiro de Guidoval - Pombense - Núcleo de São 
                       João Nepomuceno - Bandeirante
Diretor Técnico: MARCELO PESSOA.

Fonte: Jornal "O Noticiário" 
_______________________________
Espaço  Aberto
A entrevista

Barreada na casa da Bernarda
Ano: 1988
Fotos: João Farkas

Por que Manga Rosa?

F: Todo mundo me pergunta (risos). Esse apelido tem a ver com a história de como eu construí minha casa em Trancoso. Cheguei com 26 anos e já era pesquisadora da Fiocruz, por isso decidi comprar meu terreninho – que era muito barato naquela época! Então fui construindo aos poucos, mas perto de terminar  tive que dar uma aceleradinha, já que eu estava grávida. Foi quando um primo meu, Afonso, de Belo Horizonte, disse: “Ah Fernanda, só falta colocar as paredes, posso ficar na sua casa em troca de colocar os adobes?” – era uma casa de madeira, feita com as técnicas locais. Eu voltaria pro Rio pra trabalhar e só retornaria em novembro, no verão. Ele veio, terminou a obra e fez um restaurante super natureba chamado Manga Rosa.

Quando cheguei, um grande amigo me viu passando na rua e perguntou: E aí Fernanda, vai ficar no Manga Rosa? A partir daí entendi que ele se referia a minha casa! E o apelido pegou… Achei lindo! Até porque eu sou mineira, de Ubá, terra da manga. Adorei, senti um pertencimento ao lugar.

Qual o seu relato favorito no livro? 

F: Vou te falar que amo todas as histórias… o motivo pra eu fazer esse livro foi isso, contar as histórias que a gente ouvia repetidas vezes. Mas tem uma que é pequenininha e vou ler pra você, no capítulo de entrada sobre a chegada dos biribandos:

Primeira lição

Ao chegar em Trancoso, mais do que a beleza do lugar, guardei na memória a lição de sabedoria recebida logo no primeiro dia. (Quem conta é a Ivanete.) Viemos pela estrada velha, aos trancos e solavancos. Estávamos num jipe igual aquele do exército. Trazíamos livros, muitos livros. Minha intenção era montar uma escola, levar conhecimento aos nativos e seus filhos. Na subida da ladeira, o jipe atolou, era temporada de chuva. Pra aliviar o peso comecei a descarregar os livros. Ocupada nessa tarefa, não percebi Bernarda, acocorada por ali, assuntando e caçoando, riso farto como sempre.

“Moça, cê já leu esses livro tudo?”

Com uma pontinha de orgulho, respondi, “Sim, quase todos.” 

“Então por que cê carrega eles?” 

Isso me ensinou mesmo… sempre fui minimalista, mas com livro a gente tem um apreço e eu já tive muito mais livro. Lembrava da Bernarda e distribuía.

Há alguma história que você se arrependa de não ter contado?

F: Não… acredito que contei todas.

Qual foi a experiência mais transcendental que você viveu aqui nos anos 70?

F: Ah, foram tantas experiências! Trancoso era encantado. Mas vou contar uma.

Teve uma vez que eu estava no Quadrado depois da festa de São Brás, esperando a hora de buscar o mastro. Eu estava sentada ali perto de onde hoje é o Rabanete e de repente vi um raio de sol, com um reflexo vermelho no horizonte, e naquele relance falei: fogo no mar! Pra mim foi como uma miragem, a sensação de contemplar o fogo na água, uma experiência ancestral, sem o efeito de nenhuma droga.

Você considera sua vinda pra Trancoso como um possível autoexílio?

F: Acho que não, porque nunca me afastei do mundo nem do Brasil – pelo contrário, me aproximei do Brasil. Foi realmente um encontro autêntico com o meu ambiente ancestral, hoje já elaborei melhor. Porque era um lugar comunitário pé-no-chão, não tinha água encanada, não tinha luz elétrica, não tinha dinheiro – e eu adorava isso! Então eu sou desse tempo, embora seja também urbana. 

Vejo como um encontro que me permitiu viver um pertencimento a esse ambiente originário. Porque eu vim de uma cidade de Minas, Ubá, que fica na Zona da Mata. Mas quando eu nasci, Ubá já estava desmatada, não tinha sombra, era muito quente. O que eu descobri recentemente é que a Zona da Mata ganhou esse nome porque era a região da Mata Atlântica mais bonita, que ia até o Rio Doce, e na época da mineração foi decretado que aquela era uma zona-tampão, que não podia abrir caminho, para impedir contrabando. Então até 1950 ficou bem resguardado, assim como Trancoso, que durante a pesquisa soube que também era uma zona-tampão – mas onde os indígenas haviam sido escolhidos para tomar conta do local. Acredito que por essa similaridade entre as regiões, entendo minha conexão com o lugar de forma tão enraizada.

Se você pudesse manter um hábito da época de Trancoso das antigas, qual seria?

F: Ah… eu tento manter vários, como por exemplo: só comer ovo de galinha caipira. Mas a convivência comunitária à moda antiga, com muita ajuda mútua, muita confiança e palavra de honra é o que mais sinto falta. Esse respeito entre as pessoas da comunidade que não precisa de um contrato pra existir.

Fonte: "Acontece em Trancoso"
Por Aýla Lourenço
___________________________
Não postamos o Blog "Ubá Notícias" sábado, domingo e feriados
__________________________________
CONTERRÂNEO, SEJA UM SEGUIDOR DO BLOG "UBÁ NOTÍCIAS"
____________________________________
Como proceder para postar mensagem nos "Comentários" desta página:
-Clicar em "comentário" "nenhum comentário"
-Clicar em "digite" (digitar na janela aberta)
-Selecionar o perfil em "comentar como" (aparece várias opções - clicar em "nome/URL")
-Clicar em publicar
-Aparece espaço para colocar o nome da pessoa que fez o comentário

Caso não acerte; envie seu comentário para o email: ligiaroeira@gmail.com

____________________________________


Nenhum comentário:

Postar um comentário