quinta-feira, 14 de setembro de 2023

"UBÁNOTÍCIAS"POSTAGEM N°3259-ANO 13

Lígia Aroeira
A cegonha vai chegar...












A mamãe Michelle Jacob Candian e a  Vovó Lenir Jacob estão apaixonadas  com a chegada da Maria Clara.
Já aconteceu dois Chás Revelações; um em Juiz de Fora onde Michelle reside e outro em Ubá, onde mantém sua amigas de sempre.
Ambos foram muito concorridos, com lindas decorações e clima de muita alegria.
Deus abençoe a vinda da Maria Clara!
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Velhos Carnavais
Paulo Antônio Cataldo, o saudoso Eduardo Fernandes e ...  Quem adivinha? 
Amanhã eu conto...
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Elza Marcato
Alô, Alô Diamantina









Carnaverata 
Lançamento para o Carnaval 2024
A cidade histórica se prepara para receber um evento único e emocionante que encantará a todos: a Carnaverata será dia 22 de setembro  
O evento nasce inspirado nas emblemáticas Vesperatas, tradição profundamente enraizada na cultura local e na história desta encantadora cidade mineira.

A programação da Carnaverata será diversificada, vibrante e envolvente. A partir das 17h, os blocos Me Ampara Senão Eu Caio e Sapo Seco irão se concentrar na Rua do Amparo, antecedendo a tão aguardada Carnaverata às 20h, na Rua da Quitanda. O evento continua na Praça do Mercado Velho com o show da banda Iukerê, às 21h. E, às 22h, o DJ Paulo Ribeiro tomará as rédeas da atmosfera musical, abrindo o caminho para a batida empolgante do UH!Bloco, às 23h. A celebração se estenderá até as primeiras horas da madrugada.

Programação – Sexta-feira 22/09/23
17h - Concentração Bloco Me Ampara Senão Eu Caio e Bloco Sapo Seco - Rua do Amparo
20h - Carnaverata - Rua da Quitanda
21h - Banda Iukerê - Praça do Mercado Velho
22h - DJ Paulo Ribeiro - Praça do Mercado Velho
23h - UH!Bloco - Praça do Mercado Velho

Para mais informações e atualizações sobre a Carnaverata, visite o site oficial da Prefeitura diamantina.mg.gov.br, acompanhe o @prefeituradiamantina no Instagram ou entre em contato com o Centro de Atendimento ao Turista (38) 35319-532
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Espaço Aberto

OUTROS MAIOS

(Jordana Thadei - 2023)
Outros maios
Na infância mineira, maio era tempo em que a gente se tornava “anjo”, pelo menos à noite, quando íamos coroar a Virgem Maria, após um dia de capetice, cidade a fora, quintais a dentro.
Vestir-se de anjo era privilégio das meninas. Nunca soube o motivo dessa segregação, assim como nunca entendi a divisão de classe entre os anjos: os alados e os sem asa. Mas suspeitava de que alguma coisa estava fora do lugar.
Dezenas de anjos se aglomeravam no ponto marcado para acompanhar a menina que levaria a coroa até a igreja, ao som de banda de música e sob os fogos de artifício que, naquela época, não economizavam na fumaça. Íamos tossindo, mas íamos felizes, debaixo de anáguas e vestes engomadas. Naquele tempo, os figurinos dos anjos não ostentavam pedrarias e rodas. Alguns usavam asas presas ao corpo por um corselete torturador e o acompanhamento exigia caminhar em fila indiana, sem tropeçar na roupa, respirando fumaça, cantando e equilibrando um pratinho de papelão com pétalas de flores. E era uma de-lí-cia!!!
As pétalas de flores eram para saudar a virgem, quando a coroa pousasse sobre sua cabeça, ao badalar dos sinos, ao som do foguetório e da banda de música. Maio era, também, a tormenta daqueles que cultivavam jardins de flores, pois os anjos crepusculares eram, à luz do dia, os ladrões de jardins. Não havia rosa, monsenhor, camélia, dália, crisântemo que chegassem para dezenas de anjos, durante trinta e um dias de Maria. Mas tínhamos um código de “ética”: a gente batia palmas nas casas e pedia as flores. Para os casos de a dona do jardim não atender as palmas, roubávamos só o necessário para o dia. Mas para o caso de negar as flores para a Virgem Maria, não sobrava nem espinho na roseira. Afinal, muro e cerca nunca foram limites para “anjos”.
Maio era quando as mães das meninas mais novas corriam do trabalho pra casa, para transformá-las em anjos. As mais velhas, muitas vezes, iam sozinhas para as coroações ou levadas por irmãs e irmãos mais velhos. Os outonos já tinham ares de inverno, contrastando com a delicadeza dos tecidos das vestes, com mangas larguíssimas e saias rodadas. Em algumas noites frias era preciso reforçar a vestimenta, o que, quase sempre, era um desastre estético, já que dificilmente havia um agasalho que combinasse com uma roupa de anjo ou que não atrapalhasse a asa. E entre passar frio e tirar a asa, a gente escolhia o frio, claro. Nas noites em que minha mãe estava na faculdade, quem me montava era a vizinha três anos mais velha. Restava-me uma cacharrel vermelha se destacando por baixo de toda a singeleza da veste em lese de organza cor-de-rosa.
Em terra de usina de cana-de-açúcar e tempos de leis ambientais frouxas, o banho não garantia a limpeza das partes expostas do corpo, já que os folículos de carvão estavam por todo lado. Invariavelmente, apareciam anjos da cara suja, na porta da igreja, onde os grandes lustres revelavam tudo o que a iluminação da rua havia escondido. Certa vez, vi a amiga da minha mãe se assustando com a cara suja da filha. Resolvi compartilhar minha tática de limpeza de rosto. “Dona Nilzinha, quando eu estou com a cara suja, eu faço assim”. Coloquei as mãozinhas em concha e dei-lhes uma boa cuspida, esfregando, rapidamente, por todo o rosto. Olhei pra ela, aguardando aprovação. Ela fez alguns segundos daquele silêncio que precede a bronca. Então, se virou à filha e ordenou: “Faz também, Flavinha!”. Seguimos para o altar, limpinhas. Talvez com um contorno de carvão mais próximo do couro cabeludo, onde não é tão evidente.
A subida ao altar de madeira, construído especificamente para o mês de maio, era outra aventura. Nunca foi suficiente para a quantidade de anjos. Para subir ao altar, era necessário chegar cedo à concentração do acompanhamento e pegar os primeiros lugares na fila de anjos. Mas as meninas maiores tinham prioridade, pois as menores corriam risco de cair e eram alocadas sentadinhas nas escadas do altar. Os degraus eram apertados e a superlotação garantida. Sem contar que as vestes, asas e afins ocupavam muito espaço e dificultavam a mobilidade no recinto. E tinha, ainda, o pratinho de flores que, quase sempre chegavam ao destino com apenas a metade das pétalas iniciais .
Anjos devidamente alocados, começava a coroação, que levava cerca de 20 minutos, até a aventura final e mais esperada por nós: o cartucho – o que, em outras regiões, é chamado de lembrancinha. O padre ou algum auxiliar informava onde seria entregue. E não era raro ter que refazer todo o caminho do acompanhamento para pegar o tal do cartucho. Inicialmente, um copinho de papelão decorado, com docinhos de aniversário. Depois, veio a fase das cestinhas de vime e dispararam os cartuchos sofisticados. A condição financeira da família da coroadeira despertava nos anjos grandes expectativas sobre os cartuchos. Eu me incomodava muito com o fato de irmãozinhos não ganharem, embora o meu fosse muito novinho e nem entendesse. Houve época em que escondíamos os cartuchos nas largas mangas dos vestidos, porque havia rumores a respeito de meninos grandes “batedores de cartucho”. Em dias de grande número de anjos, espalhava entre o coro a conversa de que o cartucho não seria suficiente para todos, o que gerava certa apreensão e correria ao final da coroação. Ninguém queria ficar sem cartucho.
Certa vez, já morando em outra cidade, não cheguei a tempo da coroação cujo cartucho foi uma boneca de pano de 30 cm, com vestido e tudo. A coroadeira era chique, do Rio de Janeiro. No dia seguinte, quando soube do brinquedo, quase morri de chorar. Nunca me esqueci da amiga da minha tia, que era próxima da família da coroadeira e, dias depois, conseguiu uma boneca pra mim. Mas acho que nunca disse isso a ela.
Há três anos, fui escalada para levar a pequena Maria à coroação. Os pais tinham outros compromissos e despejaram o anjo na portaria do prédio, onde eu já esperava, depois de responder três ou quatro mensagens de áudio, confirmando o compromisso e tentando amenizar a ansiedade do anjo de 5 anos de idade. Lá fomos nós para o acompanhamento, que hoje parte de um lado da praça e entra na igreja, sem muita pompa, se comparado à minha época. Meu marido, paulistano, estava encantado com o evento, novidade pra ele. Fizemos tudo direitinho, acompanhando o anjo ao lado da fila indiana, ajudando a subir os degraus da igreja, com aquela roupa toda, e mostrando nossa posição no banco da igreja, enquanto o anjo seguia o cortejo para o altar. Pegou um lugar bem alto. Estávamos felizes pela participação nesse capítulo da vida dela. Terminou a coroação, e eu admirava aquele anjinho lindo descer cuidadosamente do altar, segurando a veste. Atravessamos a rua para receber o cartucho, hoje distribuído na casa paroquial. No dia seguinte, fomos acusados pelo anjo de não entendermos nada de coração e de quase fazê-lo perder o cartucho, por não o tirarmos do altar, tão logo acabou a celebração, como fizeram os outros responsáveis.
A coroação está bem diferente, mas os “anjos”... não mudaram muito.

*Jordana Thadei é riobranquense, morou em Ubá e é filha do saudoso João Botafogo e Maíse Lima
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Um comentário:

  1. Lígia e Elza, é um grande alegria ver meus textos divulgados aquí. Sou muito agradecida pelo apoio de vocês. Grande abraço.

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