Lígia Aroeira Ferreira
Fique por dentro
DRA.ELIMAR JACOB SALZER RODRIGUES
Nossa conterrânea, que exerce brilhantemente a profissão de psiquiatra em Juiz de Fora, será agraciada com o Mérito Henrique Halfeld - 2014, concedido pelo Prefeito da cidade em reconhecimento ao seu trabalho.
Parabéns pela honraria.
Elza Marcato
Em dia com a notícia
POESIA
Hezinho Andrade
DESAUTORIZADO!
Eu vou desautorizar o meu coração...
Não vai ter mais influência nos meus amores,
Não mais brincará com minha emoção,
Tarefa essa confiada agora à minha razão.
Meu coração vai ficar em paz,
Vai cuidar do corpo, alma jamais,
Eu o quero bonzinho para tictaquear,
Para estar no ritmo e não parar.
Meu coração de vez foi substituído ,
Tava ficando ele muito atrevido,
Antes que eu perco a rédea, e dançar,
Vou pôr cada um em seu devido lugar.
Optei pela razão, pois é menos sensível,
Aguenta os sofrimentos e analisa,
Não entrega o ouro por qualquer carinho,
Nem se abate, como ele, para sofrer sozinho.
Cada um na sua, em seu lugar,
É um prá lá, é um prá cá...
O coração toma conta do corpo são,
E o resto, deixa com a razão!
Fonte: Gazeta RegJornal.
Hézio Geraldo Andrade é escritor e poeta ubaense, filho do saudoso farmacêutico Geraldo e (Arlete) Andrade
Márcia Aroeira Barbosa
Fotos e fatos
DEU NA IMPRENSA
REVISTA ENCONTRO/ BH
Bianca é filha dos amigos Maurício e Adide Giacoia
ESPAÇO ABERTO
É como um sonho encantado
que não termina jamais:
Ubá, meu berço incrustado
dentro de Minas Gerais.
Olympio Coutinho
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Lembranças de Ubá
Ubaldo Marques Porto Filho
Ginásio São José
Em dezembro de 1956, concluí o curso primário no Externato Santa Cruz, numa turma de 14 alunos, metade deles descendentes de italianos que tiveram uma forte presença na colonização e no desenvolvimento de Ubá. Eis os formandos: Ângelo Sartori Filho, Ênio Altivo Brandão Carneiro, Fábio Aloísio Quirico, José Aloísio Martins, José Eduardo Augusto, Luís Bigonha Gazola, Magda Martins de Oliveira, Magna Martins de Oliveira, Maria Auxiliadora de Lucca, Maria de Lourdes Vallone, Maria Lygia de Lucca, Neide Ana Brandão Carneiro, Paulo da Silva Bigonha e Ubaldo Marques Porto Filho.
Em janeiro de 1957, obtive aprovação no exame de admissão no conceituado Ginásio São José, da tradicional família Carneiro. Ficava fora do perímetro urbano, dentro da Fazenda Boa Esperança, na margem esquerda da estrada para Tocantins, Rio Pomba e Juiz de Fora. Meu pai dizia que era o melhor ginásio da Zona da Mata, pela qualidade do ensino e pelo rigor na disciplina.
Fui matriculado no regime do semi-internato: tinha que chegar até às 6h45 e ficar até às 16h30. Para poder ir e voltar ganhei uma bicicleta Monark. Teria de pedalar 6 km diários, de segunda à sexta-feira. No primeiro dia, os novatos receberam as boas vindas do diretor, doutor Newton Carneiro, que em seguida leu um manual contendo as normas da casa. Por último, abordou a história do estabelecimento e anunciou a qualificação de cada professor.
Fiquei sabendo que o diretor estava com 62 anos e que seu pai, José Januário Carneiro (Doutor Fecas), havia fundado o ginásio em 24 de agosto de 1905, e que seu bisavô, o capitão-mor Antônio Januário Carneiro, primeiro dono da Fazenda Boa Esperança, era também o fundador de Ubá. Soube ainda que o sobrado das salas de aulas tinha sido a sede de uma grande fazenda produtora e coletora do café da região. Por último, os calouros foram informados de que na relação dos ex-alunos figurava um nome ilustre, o do famoso compositor Ary Barroso, filho de Ubá.
Construído em 1862, o sobrado de 15 cômodos sofreu algumas adaptações para permitir o funcionamento do ginásio. Na parte térrea ficavam as salas de aulas, um salão de estudos (chamado Repouso), a biblioteca, o refeitório, a cozinha e o hall da entrada com uma escadaria de madeira em dois lances, que conduzia ao pavimento dos alojamentos dos alunos internos, vindos de outras cidades. Anexos, ficavam os banheiros, os sanitários, o vestiário, o estacionamento das bicicletas e um pátio externo onde os 105 alunos, distribuídos pelas quatro séries, ficavam aguardando a batida do sino para o início das atividades, às 7 horas e às 13 horas, após um pequeno intervalo pós-almoço.
A parte da diretoria e da secretaria (administração) funcionavam numa casa situada defronte ao sobrado. Havia também uma residência da família Carneiro e dependências para os empregados. Um pouco afastado, encontrava-se um campo de futebol.
O Ginásio São José era muito rigoroso na disciplina e com horários inflexíveis para tudo. Eu tinha aulas ininterruptas das 7 às 9 horas. Das 9 às 10 horas ficava confinado num amplo salão chamado de ‘Repouso’, onde todos os alunos estudavam em total silêncio. Às dez horas, éramos liberados para o recreio, com exceção dos que recebiam punições. No período do lazer, uma parte destinava-se à educação física, duas vezes por semana. Nos demais dias, quem fosse bom no futebol, tinha lugar garantido entre os 22 que jogavam no campo gramado. Havia também a opção da prática de outros tipos de esportes ou mesmo do ócio completo, pois quem quisesse poderia ficar sem fazer absolutamente nada.
Às 11 horas todos se dirigiam ao banho e troca de roupa. Das 11h30 às 12h30 almoçava-se. No refeitório, local proibido para qualquer tipo de conversa, entrava-se em fila indiana e cada qual sentava no seu lugar pré-determinado. Garçons serviam quantidades padronizadas, mas quem desejasse poderia repetir as iguarias, usando sinais: batendo com um dedo na mesa significava pedido de arroz, com dois dedos vinha o feijão e com três mais uma porção do prato do dia (carne de boi, carne de porco ou frango). Serviam também saladas, angu, tutu de feijão, etc. Ninguém se queixava da comida, farta e muito boa. Até hoje, sinto saudades do arroz. Embora fosse preparado em grande quantidade, era saborosíssimo.
Das 13 às 16h30 cumpria-se o ritual das aulas ou dos estudos no Repouso, local de concentração dos alunos de todas as quatro séries. Ficavam em carteiras duplas, geminadas, ou seja, em cada carteira sentavam duas pessoas, cada uma utilizando uma gaveta individual. No Repouso, onde na verdade ninguém podia repousar, a vigilância fazia-se presente de forma ostensiva. Quem fosse flagrado cochilando, conversando, lendo gibi ou praticando qualquer outra atividade clandestina, recebia admoestação e tinha o seu nome registrado no livro de ocorrências.
No Ginásio São José reinava a mais completa ordem. Pelas mínimas mazelas o castigo não tardava e chegava no rigor da severidade. A depender do grau da indisciplina, apurada pelos fiscais e lida diariamente às 10 horas, no salão do Repouso, o infrator, dentre outras penalidades, podia ter cassado o direito ao recreio. Por exemplo, enquanto os outros se divertiam, o punido ficava de pé debaixo do sino anunciador do início e fim de cada atividade. Era um sino grande, de igreja, preso no teto de uma área de circulação. A punição era para constranger o ‘premiado’, que ficava em posição militar, de ‘sentido’, por meia hora, sem poder dirigir a palavra a ninguém, nem mesmo a um eventual colega de infortúnio, posicionado ao lado. Em algumas ocasiões, sofri esse castigo.
No Ginásio São José não havia a mais remota possibilidade do aluno gazetear aulas. A disciplina era férrea e o responsável pelo esquema de manutenção da ordem era o instrutor de educação física, que fazia questão de ser chamado de Tenente. Dizia-se oficial da reserva do Exército. Mas, da boca de alguns colegas veteranos, saia a informação de que, na verdade, era um sargento reformado. O certo é que se tratava de um sujeito durão e pródigo na aplicação das sanções. Ele sempre repetia um bordão intimidador: - Aqui o filho chora e a mãe não sabe!
Verdade mesmo.Os sofredores maiores, formadores do batalhão mais numeroso dos alunos, eram os internos, que lá permaneciam durante as 24 horas de cada dia. Foi aí que descobri a razão para a fama corrente do ginásio como unidade corretiva para os jovens considerados indisciplinados por seus familiares.
Dizia-se que se o São José não desse jeito no ‘rebelde’ nenhum outro estabelecimento daria. No meu tempo, teve um interno que, não aguentando a pressão e as punições, simplesmente fugiu numa madrugada. Voltou para a sua cidade de origem.
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