sábado, 16 de maio de 2015

"UBÁ NOTÍCIAS" POSTAGEM Nº1347 - ANO 5

         
                         



Lígia Aroeira Ferreira


FIQUE POR DENTRO

NASCEU OLÍVIA
   Esta linda princesinha nasceu em Brasília, no dia 29 de abril. 
 Filha da Mariah e de Bernardo Lins Lincoln.
Seus avós maternos são nossos queridos amigos Pedro Aurélio Rosas de Faria e Mª das Graças Fagundes Reis( Nén).
Olívia é bisneta da saudosa e inesquecível D. Célia Fagundes Reis.
Parabéns para toda a família.



Elza Marcato



EM DIA COM A NOTÍCIA


HOJE TEM PAPO DE BUTECO
O evento será estilizado como um bar, num ambiente onde você poderá se sentar com os familiares e amigos, sendo servido por garçons.
Com 6 horas de duração, o nosso "Papo de Buteco" se estenderá até às 21hs, reunindo profissionais e empresas parceiras.
Local: Tabajara Esporte Clube
Dia:     16 de maio.
Venda de ingressos: Loja Ipanema - Ubá - Rua Cel. Carlos Brandão, 258
                                   Spa Sobrancelhas- Rua Cônego Abreu e Silva, 90

Fonte:  Revista Fato - Higor Siqueira



Márcia Aroeira Barbosa



FOTOS E FATOS


FAMÍLIA QUERIDA

Gabriel Monteiro de Castro, sua esposa Lúcia e os lindos filhos Fausto e Carla
                       
                            ESPAÇO ABERTO
É como um sonho encantado
que não termina jamais:
Ubá meu berço incrustado
dentro de Minas Gerais.
                                       Olympio Coutinho
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 Uma cidade civilizada
JOSÉ DANIEL MACHADO
              Saí para assistir "Uma vez em Tóquio", de Yasujiro Ozu, na Mostra de Cinema Japonês no Cine Humberto Mauro. Peguei o Gameleira e sentei no banco dos idosos ao lado de um homem de calça bege e corrião de couro. Enquanto a cidade se exibia na janela eu pensava na passagem do tempo e na chegada da velhice. Na frente, atrás da divisória do motorista, o Jornal do Ônibus informava que é civilizado carregar os objetos de mão dos passageiros em pé e não soltar pum dentro de ônibus. Entre os desaparecidos havia um homem com olhar de cachorro são Bernardo, um rapaz magro com cabelo desgrenhado e uma mocinha que pegou o trem para Governador Valadares. Dramas pessoais que representam a tragédia de cada um.
               Como tinha tempo, não desci no Palácio das Artes e segui até a Praça Sete. Na parte debaixo da Rio de Janeiro uma pastelaria fazia promoção. “Será que como um de carne com garapa?”, pensei, preventivamente, considerando que os filmes japoneses costumam ser longos. O anúncio dizia: Três pastéis por R$ 3,00. “Três são muitos, um é pouco”, avisou o estômago. Pensei: “como dois e dou um ao primeiro mendigo que encontrar”.
                Pedi à caixa: “três pastéis e um caldo de cana pequeno, por favor”. “Quatro Real”, disse a moça enquanto olhava o celular. Dei uma nota de R$ 5,00. A funcionária fez a conta na calculadora e me deu um Real e a ficha.
                 “Vai comer ou vai levar?”, perguntou a garçonete, sem parar de reclamar dos homens com a colega que revirava pastéis na gordura hidrogenada. “Vou comer e levar – um de queijo, dois de carne e um caldo pequeno”, respondi com um leve sorriso.
                  A funcionária desiludida com o amor enfiou os pastéis num saco de papel e colocou no balcão perto do copo de garapa. Satisfeito, pedi para colocar o saco engordurado num plástico para eu levar para o mendigo. Pendurei a sacolinha no mindinho e fui para a Praça.
                 Ao redor do pirulito a correria de sempre - gente pra lá e pra cá correndo atrás de finalidades, que podem ser entrevista de emprego, tratamento de cárie, reunião com advogado para cuidar da intimação, comer uma coxinha com refresco de uva. Atento, atravessei a Amazonas e fui ao Café Nice. Vi beneficiado da campanha antimanicomial brandindo uma Bíblia ensebada e pregando aos berros a salvação em Cristo; vendedor de chips; retratista para carteira de identidade; corretor de empréstimo consignado; soldado a cavalo; negociante de relógio velho; jogadores de dama e sapos; velhos trocando reminiscências do tempo do Cafunga. Não vi mendigos com fome. Coloquei o pastel em cima do balcão e pedi um cafezinho. “Adoçante ou açúcar”, perguntou a garçonete sorridente e apressada. Pinguei cinco gotas e tomei devagarzinho o café de coador. Ao meu lado direito, um funcionário aposentado tomava café com um amigo que poderia ser ex-colega do curso de contabilidade e confidente na época em que os dois queriam casar. Colocavam a conversa em dia. Um, tinha três netos e jogava sinuca aos sábados. O outro, mais careca, era ministro da eucaristia, viúvo e torcedor do América. Saíram felizes com o encontro casual e preocupados com a situação do Brasil. Do lado esquerdo, o sujeito era esquisito e tinha cara de rufião.
              Peguei o pastel e atravessei a Afonso Pena imaginando que seria mais fácil encontrar mendigo do outro lado.
               Perto dos hippies, no lado de cima da Rio de Janeiro, cinco garis varriam a Praça pela quarta vez naquele dia.
               Catavam sobras de ilusões em ponta de cigarro, resultado de loteria, anúncio de emprego, bilhete de namorado que preferiu outra, embalagem de Sonho de Valsa, escarro de fel. Pensei em oferecer o pastel para elas, mas as varredouras só olhavam para o chão. Fui em frente com o meu pastel. 
            Entrei num banco para tirar uns trocados e, paciente, o pastel ficou esperando em cima do caixa eletrônico. Tomei a calçada em direção à Igreja São José, lugar onde os mendigos costumam esperar pela misericórdia cristã. “Dentista, primeiro andar, orçamento sem compromisso. Dentista, primeiro andar, orçamento sem compromisso...”, gritava com voz forte uma moça de olhos vidrados encostada na parede.
             Na igreja do carpinteiro não tem mais mendigos. Na lendária escadaria, que acolhia indignadas manifestações dissolvidas a cassetete, namorados trocavam beijos no intervalo do café, sonhando com um altar de qualquer devoção. 
            Continuei com o meu pastel de estimação na esperança de encontrar um miserável na porta da Prefeitura, dos Correios, da Receita Federal, do Automóvel Clube ou do Tribunal de Justiça.
          Mas, os mendigos estão sem esperança. Na Prefeitura, pensei em perguntar a um assessor aonde eles colocaram os desesperados. Desisti, os assessores estão assessorando e não têm tempo para dar explicações. “Será que eles criaram um mendigódromo?”, pensei fazendo uma piadinha sem graça. 
          Nos Correios, nada. Na Receita Federal, os mendigos sabem, o dinheiro entra pela porta da frente, vai para Brasília e sai por ralos obscuros. Na calçada do Automóvel Clube tem uma confortável marquise para acomodar uma família, mas, tem também, seguranças competentes para afastar a catinga. Suas Excelências do Tribunal de Justiça - aliviadas com o auxílio moradia - ocupadas com a carreira e casos jurídicos interessantíssimos, só conhecem miseráveis da janela dos carros pretos com placa de bronze e no escurinho do cinema.
       Cheguei ao Palácio das Artes com o meu amigo desprezado. Na porta tinha um segurança sonolento com cara de enfaro de comida e da vida. Pensei em oferecer o salgadinho, mas fiquei com medo dele me mandar enfiar o pastel naquele lugar. Desci a escada com a incômoda sacolinha.
           Entrei na Livraria do Palácio para dar uma filada na orelha dos lançamentos. De livro em livro, o pastel se ilustrou um pouquinho. “Será que Proust gostava de pastel ou só de madeleine?”, imaginei na seção de literatura estrangeira. “Deixa de pensar bobagens e vamos para o jardim esperar o filme começar”, falei para mim mesmo.
           Sentei num banco virado para o Parque Municipal e abri os sentidos para apreciar a pluralidade simultânea do entorno. Percebi verdes e gatos preguiçosos; canto de passarinho e buzina de carro; cheiro de grama e mijo humano. Meu corpo se espremia no banco de ripa e a boca ainda tinha um fiapo de gosto de café. “Pena que os gatos do Parque Municipal são meio pastéis, só comem ração”, raciocinei desolado com a impossibilidade de dar um destino honrado ao meu pastel. Estou acuado: jogo no lixo ou como? Jogar comida fora é pecado; comer por gula também. Coitado do Hamlet, “comer ou não comer, eis a questão”.
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