Lígia Aroeira Ferreira
FIQUE POR DENTRO
ROBERTA MAIA MARQUES
A jovem Roberta está apta para exercer sua profissão de advogada.
Foi aprovada no exame da OAB.
Parabéns a nova profissional e aos seus pais, nossos queridos amigos Isa e Rodrigo Marques.
Sucesso Roberta!
Elza Marcato
EM DIA COM A NOTÍCIA
SAÚDE
HOMEOPATIA
A Prefeitura Municipal de Ubá, através da Secretaria Municipal de Educação e em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), realizou a 2ª etapa do Curso de Homeopatia com o tema " Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da Produção de Alimentos Orgânicos".
Objetivo: divulgar e partilhar o conhecimento sobre esta ciência.
Fonte: Prefeitura de Ubá
Márcia Aroeira Barbosa
FOTOS E FATOS
AROEIRAS
Rubens Neto, filho do Paulo Rubens e Gabriel, filho da Lígia ESPAÇO ABERTO
É como um sonho encantado
que não termina jamais:
Ubá meu berço incrustado
dentro de Minas Gerais.
Olympio Coutinho
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Este blog é para integração dos ubaenses. Mande suas notícias, fotos, mensagens...
Email: ubanoticias@gmail.com
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15/6/2015
Rona Mazza
Mais um causo. Relembro para os interessados que ao narrar estas histórias minha tentativa é apenas resgatar pequenas passagens daqueles saudosos tempos e entendo que agindo assim deixo alguns cacos da memória mais ou menos organizados (antes que o nosso amigo Alzheimer nos dê bom dia) pra quem está chegando depois da gente. Quem sabe nossos filhos e netos não se interessem?
A memória traz de volta sensações do passado e eu, exigindo muito dela e com minhas retinas já cansadas, raspo o seu fundo para recordar as lembranças que resistiram ao tempo. Vamos então franquear nossa caixa de segredos. São muito bem-vindas as críticas e as sugestões.
Abacate. O título não tem nada a ver com a Turma do Abacate e sim com o frondoso abacateiro, vizinho de dois outros menores, que ao lado de belas mangueiras, goiabeiras, coqueiros, limoeiros, um pessegueiro e até uma rama de bucha que Stella aplicava com vigor, na hora do banho, nas costas suarentas dos “meus mininos”, como ele se referia, carinhosamente, ao Paulo e Fernando. Aquele pé de abacate reinava absoluto no quintal da dona Priscilla Frossard, ali na Raul Soares, onde hoje um majestoso prédio homenageia o saudoso maestro João Ernesto, seu pai e antigo proprietário da mansão. Escritor, professor e músico, João Ernesto fundou a “22 de Maio” e foi o primeiro a empunhar a batuta desta que é a mais tradicional banda de Ubá.
Final dos anos 1950. Começamos a freqüentar a casa do Fernando, Paulo e Sandra. Naquele ano a “Escola de Samba Águias Noturnas” ia arrasar na avenida com fantasias de qualidade – fraque e cartola completavam a caprichada fantasia, vejam só! – alinhavadas pelas mãos mágicas das esmeradas costureiras da família, com Vanja à frente dando ordens e Tia Natália e Tia Duta ajudando. Outros amigos preferiram encomendar seus fraques ao Oromar, também exímio costureiro.
A natural líder da família, dona Priscilla, aprovava a intensa movimentação da turma ocupando sua casa com aquele vozerio próprio dos jovens. Sempre com um sorriso nos lábios, encimados por cintilantes olhos azuis, ajudava Stella a preparar o lauto e saboroso lanche que ficava à nossa disposição na ampla mesa da sala. Dali saía a caminho de sua Cia. Força e Luz Cataguazes-Leopoldina para a faina diária. Na Força e Luz prestou relevantes serviços e foi brindada com
inúmeras e merecidas homenagens ao encerrar a brilhante carreira. Seu legado maior foram seus três filhos, dos quais todos nós, daqueles áureos tempos, ainda nos orgulhamos de manter essa amizade mais que cinqüentenária.
Naquele ano nos viramos e conseguimos a duras penas uma grana extra pra encomendar, no Rio de Janeiro, na famosa Casa Turuna, os sonhados tamborins de tarracha. Essa nossa chegada à modernidade era uma exigência do Caputo e os novos instrumentos eram o sucesso do momento, slogan do “Gezú e seu Conjunto Rox” no qual eu e Paulo demos inúmeras canjas, eu no ritmo e ele brincando nas onze: piano, agogô, apito, surdo, tarol, tamborim, bongô, o que pintasse ele traçava. E bem. Fizemos muitos bailes em toda a região de Ubá.
Estávamos então em fase de tristes despedidas, deixando um último adeus aos velhos e desafinados tamborins de madeira que a cada volta na praça Guido passavam por uma trabalhosa sessão de esquentamento no couro via fogueira de jornal. Ato perigoso, mas necessário. Os surdos já não eram mais aqueles fabricados pelo Carmo (vem aí um outro causo, aguardem...) e sim com novo designer, de madeira naval, com uma enorme
e bela águia, símbolo da nossa Escola, estampada na parte alta do poderoso instrumento que marcava o samba mais ou menos quadrado do mestre René Manhães -cujo passe foi secretamente comprado pela saudosa dona Branca Horta e doado para os “Reis do Ritmo”, Escola liderada por Raul, Rômulo, Eduardo, Marcinho e Guta. Éramos quatro surdistas (eu, Fernando Frossard, João Gordo e Mauro Condé) e nos repiniques ritmados dos tamborins atuavam os ases Paulo Frossard, Caputo, Lúcio, Jan, Jorge e Flávio Laranjeiro. Show pra ninguém botar defeito.
Êta tempo bom, sô !!!
As cartolas pretas, de papelão duro, pintadas de piche, trabalho totalmente artesanal, ficaram mais por conta das mãos hábeis do Fernando e do Paulo e a gente ali de lado só palpitando. Época de férias, ninguém arredava pé. Medidas da cabeça eram um obstáculo para a produção. Os componentes de fora, como o João Batista, trocavam informações via carta. Telefone? Só quando a Lizete autorizava. Telegrama? Caríssimo para o nosso apertado orçamento. Quando chegava uma carta, era aquele alvoroço, “essa é do Jão...” e vinham lá as medidas: circunferência da cabeça, 80 cm! Cintura, 180!...
Mas e o pé de abacate? Estava lá, enorme, carregadinho de lindos abacates-manteiga, daqueles compridos, chamados de “peito-de-moça”, que habitavam as grimpas da majestosa árvore. Stella, agregada da família e dona do pedaço, dava as informações que nos deixava de água na boca: “ são carnudos, sem fio e pesam mais de um quilo e oitocentas gramas...”. E a gente imaginando em cortar um ao meio, tirar o caroço, tacar três colheres de açúcar cristal e mandar ver...
“ Vamos pegar um?”
“Cuidado com o Rex”, era a senha traduzida com ênfase pelo Fernando, o dono do cão extremamente bravo, preto como as asas da graúna e de uma altura descomunal. “É cachorro policial, treinado por mim só pra atacar!! Só come coração de boi!!! Não encara ele, não!” Verdade, bastava uma rápida olhada, mesmo despistada, e o negão “ruummmm...”, arreganhava a enorme bocarra. Quem tinha juízo, é claro, obedecia.
Lembrando de meu cão, o Fidel. Naqueles idos fui presenteado pelo Itamar Brandão, meu saudoso amigo Itamar Gambá, com um filhote de pastor alemão, da mesma linhagem do Rex. O nome de batismo era uma homenagem ao Comandante, Chefe da vitoriosa Revolução que havia assumido o poder em Cuba. Sigilosamente fui me aconselhar com Fernando. Minha intenção era ter um cachorro macho como o dele. “Dá coração de boi”! orientou com poucas palavras.
Aí entendi a história do coração de boi como prato principal pra cachorro ficar bravo. Corri ao açougue do Zito Mól e levei a suculenta carne para o “Fidel” já de olho na segurança do quintal lá de casa, que vinha recebendo visitas intrusas. No terceiro dia meu cachorrão nem olhava para a iguaria. Preferiu esnobar o prato e ficar manso. E assim permaneceu até ser roubado.
Rex imperava absoluto no amplo quintal, preso numa longa corrente ‘é de aço duplo, reforçada, comprei do Sonego, na Casa Rocha”, contava orgulhoso seu dono. E só ele e Stella podiam se aproximar de bichão, sempre com o máximo cuidado, “sem mexer os braços e sem falar alto... é perigoso, eu não garanto ninguém que se meter com ele! ”
E suculentas mangas, pêssegos, cocos e abacates se perdiam. Stella, não aproveitava toda oportunidade pra aprontar pra cima de algum incauto, ao abrir a porta da cozinha e fechar, deixando o pobre coitado, no alto da escada, encarando a bocarra do Rex.
Mas chegou o dia em que nosso personagem simplesmente não deu o ar da graça. Sumiu. Desde cedo ninguém da família escutou seu habitual rosnado de bom dia. Stella já havia deixado o coração de boi na tigela e até aquela hora, nada do bichano. Desesperada, deu o alarme com aquela voz esganiçada: “Nandinho, o Rex sumiu...”
Fernando larga as cartolas e sai correndo descendo os degraus num só pulo seguido por nós até o estratégico patamar. João Batista, chegou por último e, como sempre, posicionou-se com seus gordos cotovelos no melhor lugar. Queria assistir as próximas cenas de camarote.
Preocupado, Fernando percorreu a longa corrente “venha cá Rex, tem um coraçãozinho procê aqui”. Nenhum sinal de vida. No patamar, a apreensão crescia. “Como pode um cachorro treinado sumir assim? Será que roubaram ele, que nem o Fidel do Rona?”, indagou Lúcio Collares com uma baqueta e um pedaço de lixa na mão. “Olha ele lá”, avisou Jan, apontando o dedo, sem muita esperança.
Vizinhança chegando querendo notícias do famoso animal e logo adentra a casa, com natural intimidade, um dos meninos da Felícia, o ainda Affonso Ivo, mais tarde -Chula, dando a boa nova sobre uma desaparecida cueca-noturna: “tem um cuecão samba-canção do Jão pendurada lá no fio da rua...” anunciou aos quatro ventos. “E tá pingando...”, reforçou. “Cala essa boca, minino, como cê sabe que aquela cueca é minha?”, indagou João sem se dar ao luxo de encarar o acusador. “Daquele tamanhão só pode ser sua, né não?”
Acompanhando com os olhos o vai-e-vem do desesperado Fernando, todos fizemos em uníssono, como que ensaiados, aquele “Oooohhhh!!!” de perplexidade: Rex estava deitado ao lado do tronco do abacateiro, em posição de decúbito semidorsal e com a enorme língua de fora, como a pedir água. Stella, viva como ela só, logo captou a mensagem e voltou correndo com um balde cheio. Rex tentava sorver aquele líquido fresco e a língua não respondia às ordens enviadas pelo seu prodigioso cérebro. ”shuiiiippp...” tentava sorver um pouco de água e nada, coitado! Daquela linguona pendia uma longa e espessa gosma que escorria pelo canto da boca. E sua respiração, a cada minuto ficava mais ofegante, como à procura de ar. Stella tentou, com um pano, limpar a sopa gosmenta e “rurrrmmm...”, levou um arranhão.
“Chama o doutor Felito”, bradou, no auge do desespero, Fernando.
“Correndo, pelamor de Deus, o Rex tá morrendo!”
E nós, agora sem medo da fera que jazia semi-inerte, nos acotovelamos no estreito patamar, com o João Batista, como sempre, ocupando a parte mais generosa do espaço, dificultando nossa visão daquela fita que, secretamente, torcíamos pelo final mais feliz, pelo menos para nós: Rex batendo às portas do céu e sendo acolhido por São Pedro.
“Chama o doutor Filito”, repetiu Fernando. “Agora!”
Bom, aí cabe uma explicação. O doutor Felito, no caso, era o nosso querido “Sô Filito”, veterinário de mãos cheias, que havia criado uma recente tecnologia para diagnosticar entupimento de tripas de vacas. Era pai de nossas amigas Fernanda e Amália. E ele, do alto de sua bondade, veio acudir de pronto.
“Cuidado doutor Filito, ele é bravo!”, avisou Fernando, apertando o focinho do bicho com as duas mãos (“se ele morder só solta se eu mandar...”) e segurou com tamanha disposição que a baba passou a ser expelida mais intensamente.
Filito, calmo como sempre, para em frente, examina cuidadosamente a cena. Apalpa daqui, apalpa dali e Rex, com aquele olhar de terror sabendo, intimamente – inteligente e ensinado que era – que estava nos últimos estertores de sua vida que nos causava medo e terror.
Das escadarias alguns corajosos desceram os primeiros degraus da estreita escada. “Tá morto mesmo?” perguntou Carlos Wellington, já pronto pra correr escada acima com seus enormes pés de lancha. E nós, solidários, vendo Fernando se despedindo de seu melhor amigo, chorando e pensando em ficar de luto “até depois do carnaval”, sem desfilar na “Águias Noturnas”. Depois do enterro –Rex foi recolhido na carrocinha do Gumercindo do Correio, que fazia hora extra com sua égua, também ensinada, de nome Violeta, muito famosa na época. Um longo papo com Fernando e a promessa de um novo filhote trouxe nosso amigo de volta à realidade carnavalesca.
Sô Filito examina mais cuidadosamente, e vê no alto da testa da fera uma pasta esverdeada, começando a escurecer. “Sua cabeça inchou...está muito maior que o normal, mesmo pra essa raça...”.
Olhou pra cima e, vendo um menino gordinho mais destacado à frente, com os braços comodamente apoiados, ordenou: “Jão Batista, traz a fita métrica!”. João nem se moveu, apenas terceirizou a tarefa, como era de feitio quando pensavam em tirá-lo de sua comodidade. “Braizinho, corre lá, anda, busca a fita, rápido”
Segundos após, Braz Eloi grita lá do quarto: “Ondéquielatá?”. (Neste quarto, ocupado por Paulo e Fernando, muitas cheirosas histórias aconteceram...) “Onde?”, repetiu.
Tempo passando, Filito repete a ordem e alguém dá uma sugestão, medindo de longe a enorme cabeça do Rex, que só inchava: “Traz a cartola do Jão!” Em segundos o artefato estava nas mãos de sô Filito, nas quais Fernando depositava suas últimas esperanças... “Tanto tempo treinando o Rex...tanta dedicação...tanto coração de boi...e agora sua vida se esvai entre meus dedos...”
Rapidamente Sô Filito tenta envolver a cabeçorra de Rex e a enorme cartola não entra. “Qual é a circunferência desta cartola?” indagou. “Acho que uns oitenta centímetros”, informa João, já esfregando as mãos gordas pensando em circular livremente pelo quintal e se refestelar numa reforçada rede.
Filito faz mais umas tentativas pra trazer Rex de volta ao mundo dos vivos. Todas, infelizmente, vãs. Olha para o lado e pronto! matou a charada: “é macuco no embornal”, conversou com seus botões. Ao lado do peludo cachorro vê um enorme abacate, no chão, todo esborrachado, semente à mostra, partida em vários pedaços. Rex jazia inerte. Fernando solta o focinho e assiste aos últimos espasmos de Rex, que duraram a eternidade de um suspiro da Padaria Mazzonni.
“Morreu de quê?” perguntou Fernando num fiapo de voz, com muita tristeza.
E Filito, dando por encerrada sua tarefa, anunciou a causa mortis:
“De abacate...”
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