quinta-feira, 19 de julho de 2012

"UBÁ NOTÍCIAS" POSTAGEM Nº529 - ANO 2




Lígia Aroeira Ferreira



Fique por dentro


RECORDANDO
Agachados:Fernando Dias Paes,Sênio, Galdininho Alvim
Em pé: Fernando Santos(Micuçu),......................., Eônio Brandão Campello(?)


Elza Marcatto



Em dia com a notícia





O HOSPITAL SÃO VICENTE DE PAULO -(1902)

A assistência médico-hospitalar era muito precária em Ubá.
A cidade não  possuia hospital e nem mesmo uma casa de caridade.
Daí a ideia da fundação de um nosocômio simples, para o preenchimento desta lacuna.
Ignácio José Godinho levou a sério o problema e, depois de sacrifícios, se desdobrando em pedidos de toda  sorte, obteve doações e diversas colaborações.
A pedra fundamental da incipiente casa foi lançada em local próximo à estação da Estrada de Ferro Leopoldina.
Ignácio era muito comunicativo e não desistia.
Aproveitava-se de momentos adequados como as saídas  das missas de domingo, ou durante festas diversas, para  angariar fundos.
Ao regressar de suas viagens trazia contribuições em dinheiro, a fim de aparelhar devidamente o futuro hospital.
Entre os doadores  não podemos deixar de destacar o Cel. Antônio Brandão, Dom Silvério Gomes Pimenta, Monsenhor Paiva Campos e muitos outros.
Em 1902 começava o Hospital São Vicente de Paulo a funcionar, modestamente, com seus 24 leitos, oferecidos por Hime e Cia.,casa onde trabalhava meu avô.

Fonte: Livro "A Trajetória" de Evandro Godinho Siqueira.





Andréa M.Vieira Occhi






Faça seu estilo


BÁSICO
Fique sempre bem, com um conjunto de malha
                    ESPAÇO ABERTO
Este blog é para a integração dos ubaenses. Mande sua notícia, fotos, mensagens...
Email: ubanoticias@gmail.com


A gente nunca esquece o primeiro asfalto
                                     José Daniel Machado
   Dentro do carro o ar estava fresco e dava para perceber o bafo úmido do lado de fora. A cidade, agitada, exibia seus edifícios, carros, motos e lojas. Atrás, as pessoas transpiravam.  Chegamos à Ubá às 16 horas e demoramos meia hora para achar uma vaga na Rua Santa Cruz, perto do rego do Xavier Pereira. Sem perder a serenidade, mamãe ficou feliz com nossa chegada.  Pedimos bênção, levamos as bagagens para os quartos e sentamos na sala de televisão para colocar a conversa em dia.
   Mamãe tricotava uma toalhinha de bandeja e nós assuntos variados. Detalhes da viagem, clima, quem morreu, corrupção, crise econômica, receita nova, futebol, novelas, política municipal, pronunciamentos eclesiásticos, doenças, suaves fofocas familiares e grandes escândalos internacionais. Miscelânea de vida e amizade.
   Depois da Avenida Brasil, tomamos leite com broa de milho e fomos dormir. Antes, não resisti ao vício da atualidade e dei uma olhada nos e-mails. Entre eles, Miúcha Girardi informava que o Gazeta Regjornal estava preparando uma edição especial em comemoração ao aniversário de Ubá. Generosamente, a amiga jornalista colocava sua coluna à minha disposição para publicar uma mensagem à Cidade Carinho. Quanta honra!
   Não consegui dormir. Puxa vida, Ubá vai fazer 155 anos dia 03/07 e preciso aproveitar a oportunidade para homenagear a cidade que me acolheu na vida e envelhecemos juntos. Mas, dizer o quê? Talvez que o meu umbigo foi enterrado debaixo de um pé de manga Ubá, que foi aonde aprendi o bê-á-bá, fiz Primeira Comunhão, pitei cigarro de palha, dei o primeiro beijo, tomei o gole inicial. Quem sabe lembrar as brincadeiras na Rua Santa Cruz, o Admissão ao Ginásio, a Praça de Esportes, o Tiro de Guerra? Colégio Estadual, Aymorés X Bandeirantes, Cinema Brasil, meninas desabrochando no "Sacrè-Couer", Tabajara? Quanta coisa! Tenho que selecionar, só disponho de uma lauda. De repente, um forte cheiro de alcatrão invadiu o quarto e me levou para o distante 1957, ano que Ubá fez 100 anos.
    Durante o seu primeiro Centenário Ubá se virou com carros de bois, carroças, charretes, maria-fumaça da Leopoldina e pouquíssimos veículos motorizados. O calçamento era de pé de moleque à exceção da Av. Cristiano Roças, coberta com modernos paralelepípedos. Não havia fábrica de móveis, somente marceneiros e carapinas. A Beira-Rio era apenas quintais bucólicos e os cascudos reinavam no Ribeirão Ubá. Irmã era chamada de Mère e as moças só conheciam a felicidade depois do casamento. Não havia elevadores. A cidade exalava fumo de rolo, manga Ubá, nenúfares do Balé Aquático e Cashmere Bouquet dos bailes do Tênis Clube. A música amada era samba-canção que João Gilberto iria revolucionar, no ano seguinte, com a Bossa Nova. Chega de Saudade.
   O prefeito do Centenário foi José Pires da Luz, eleito pelo PSD depois de disputa acirrada com o candidato do PR, Dr. Lourenço de Azevedo. O voluntarioso político, aproveitando a ocasião, arquitetou um plano para preparar Ubá para a era do automóvel. “Vamos asfaltar o Jardim”, pensou com decisão. A Praça São Januário, centro político da cidade, era a melhor vitrine para exibir as iniciativas do Prefeito. Câmara dos Vereadores, Fórum, cartórios, Tribunal do Júri, Prefeitura, Igreja São Januário, Bar Cristal, cadeia, Cia. Força e Luz Cataguases/Leopoldina, Bar Municipal, "Sacrè-Couer", artesãos como Paulo Sapateiro, barbeiro Belmiro e farmacêutico Chiquito, além de ilustres moradores assistiam aos ubaenses indo e vindo para o trabalho, a escola, o namoro, o footing.
   Somente quem tinha ido de Juiz de Fora para lá conhecia as delícias do asfalto. O odor de alcatrão não era conhecido dos ubaenses, acostumados somente com o cheiro de poeira. As obras iniciaram sob a supervisão de uma comissão de notáveis: Chuva de Banda, Heitor Cidadão, Mário Sete Léguas, Bebê Chorão, Bala de Coco, Jura, Maria dos Cachorros, Tarin, Inês, Catapluf, Zaganoff, Didico Gelofrê, João Bananeiro. Curioso, acompanhei o serviço doido para estrear o novo piso com minha bicicleta de freio contrapedal.
   Primeiramente, os estercos foram retirados das ruas, as graminhas entre as pedras capinadas com um ferrinho em forma de L e o chão varrido cuidadosamente com vassoura de piaçava. Em seguida, os operários, com regadores, passaram uma demão de piche fumegando e o cheiro de progresso chegou à Ubá. Contratado com antecedência, Sô Gustavo Gore despejou vários caminhões de brita que, espalhada com ancinho, deixou as ruas preparadas para receber o alcatrão. Este, transportado em tambores, era aquecido com maçarico e aplicado sobre a brita. Um pequeno rolo compactador, pra lá e pra cá, completou o serviço. Pronto, a macadame estava pronta e Ubá preparada para receber a enxurrada de automóveis que Juscelino Kubitschek iniciava a produção em São Paulo.
   Saudoso, dormi. Sonhando levemente que dançava no Ubá Tênis Clube ao som do Conjunto Garotas fui acordado com uma estocada no coração. O dardo veio de um Monza 88 que passava na Santa Cruz, com dezenas de alto-falantes abertos, tocando “Eu quero tchu, eu quero tcha / Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha ...”.

                                                                                                                                                                            
  
      
                         
             
             
  
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário