"Ele foi como um pai para mim", disse. "Um homem respeitador, carinhoso, que acreditou no meu talento."
De tempos em tempos, o apresentador convidava Nelson para acompanhá-lo nas gravações de seu programa, veiculado pela TV Excelsior, em São Paulo.
Nessas viagens, o artista conheceria as boates da cidade, realizando shows durante a noite; ao amanhecer, visitava gravadoras numa tentativa de emplacar seu trabalho.
Assim, conheceu Leonardo Schultz, maestro que o levaria à capital portenha em 1968, como atração do Festival Buenos Aires de la Canción. Nelson mostrou a ele uma música ainda inédita a ser apresentada no evento: Tudo Passará.
Schultz apossou-se da obra, negando créditos ao brasileiro.
Pouco depois, a balada ganhou uma gravação em espanhol, na voz do britânico Matt Monro, um dos cantores favoritos de Frank Sinatra. Versões em inglês, francês, turco, búlgaro, além de instrumentais, se sucederiam nos meses seguintes — todas citando Schultz como autor.
Nelson, porém, já havia registrado a música e ajuizou um processo de plágio contra o maestro — em 1975, um tribunal de Buenos Aires daria ganho de causa ao artista brasileiro.
O veredito determinou o pagamento de 8 mil dólares como indenização, mais 200 mil pelos royalties retidos.
Genival Melo, empresário do cantor, declarou à imprensa em fevereiro de 1969: "Nossa surpresa maior foi quando vimos aqui em São Paulo, lançado pela CBS, um disco de Carlos José, vertido do espanhol, sob o título Tudo Passará. Não era outra, senão a canção de Nelson Ned. Isso é o cúmulo, pois a música é brasileira."
Dois meses depois, por influência de Genival, a Copacabana Discos lançou um compacto com a faixa, agora na voz de Nelson.
Já em maio, essa versão lideraria paradas radiofônicas por todo o país, às vezes superando os Beatles e Roberto Carlos. Imediatamente, a gravadora anunciou o segundo álbum do artista mineiro — também intitulado Tudo Passará.
Ao posar para a capa do LP, Nelson exigiu uma fotografia que ressaltasse sua estatura. Na imagem, ele aparece sentado, balançando as pernas sobre um imponente contrabaixo, com partituras ao fundo. O cantor assinava nove músicas do disco.
"São composições autobiográficas", afirma Barcinski.
"Nas entrelinhas, percebemos que abordam a vida de um homem rechaçado por ser pequeno. É um álbum muito triste e pesado, sobre as angústias de alguém que não corresponde a certos padrões sociais."
Todas as letras foram escritas na primeira pessoa. Além da faixa-título, inspirada no relacionamento de Nelson com uma prostituta, o disco trazia Camarim, registro confessional de sua existência solitária, e Tamanho não é Documento, em que o artista discorre explicitamente sobre nanismo.
"Você vive sempre a brincar comigo / Pode judiar de mim, que eu nem ligo / Sou pequeno, mas meu coração é grande / Bem maior do que o seu / Que já não cabe mais ninguém / Tamanho não é documento / Pelo menos tenho sentimento / Mas isso é coisa que você não tem."
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