Rio, 1975. Ziraldo ao telefone: vamos jantar amanhã? Vou levar um amigo, artista plástico, o Sami Mattar; quero que contem para ele sobre a temporada no Japão. Na noite seguinte, aparecem os dois em nosso apê, no Flamengo. A bagunça característica de uma mudança, (íamos passar uma temporada trabalhando em São Paulo) se espalhava pelos cômodos... uma de nós, à procura de uma caixa em um armário. Daí, vem a pergunta que se tornou célebre entre nossos conhecidos: Você guardou os dólares onde?.... Silencio assustador, tempo para pensar... Ziraldo e Sami sentados, seus pés se confundindo com papeis e sacolas. Responde a outra, mais branca do que a natureza lhe fez: Você não guardou???? Um inaudível não veio como resposta. Ziraldo dá um pulo da cadeira, mãos na cabeça: - Meu Deus! os dólares que vocês ganharam no Japão!? - Sim, respondemos chorosas, já calculando a perda, quantia programada para dar entrada num imóvel. - Calma, não se desesperem, já jogaram papeis fora? - Sim, um monte... - Então, vamos procurar na lixeira, disse o bravo e solidário Ziraldo. Com uma lanterna emprestada do porteiro, descem ele e a Celia para a garagem, ela iluminando aquela montanha de lixo que ele revirava freneticamente. Celma e Sami angustiados, o mais novo amigo já parceiro. Dali a minutos intermináveis, chegam. Celia, em prantos, atrás do Zi, o qual, com expressão de total desolação, declara: - está perdido, revirei tudo, não achei... melhor a gente ir jantar, tomar um vinho, completa, na tentativa de melhorar o clima. No caminho, a busca de um culpado: - Alguém roubou! A moça que ficou cuidando do apê! - Não, ela é correta. - E o namorado dela, o argentino. - Será? - Foi ele! Voltou pra Argentina com o bolso cheio!
Dó das duas tiveram os dois naquele jantar, as lágrimas teimando em descer...
Meses depois, os dólares aparecem! Estavam bem guardados numa caixa, entre filmes e cartas... Zi foi o primeiro a saber: - Mandem celebrar uma Missa pro inocente argentino, tadinho...
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Recordando...
O saudoso Lúcio Collares, José Maurício Caputo, Jacques Côdo Aroeira, Olympio Coutinho
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Elza Marcato
Nelson Ned - 6ª Parte
Da sacada de um hotel, Nelson Ned acena para fãs
O
mineiro tinha 23 anos quando visitou Nova York pela primeira vez, a
convite do Festival da Canção Latino-Americana. Sua apresentação,
transmitida ao vivo para todo o continente, renderia a ele comparações
com o francês Charles Aznavour.
Após o evento, a gravadora americana United Artists lançou Canción Popular, primeiro álbum de Nelson Ned em espanhol — e seu passaporte para o mercado internacional.
Em
Iñapari, na fronteira da Bolívia com o Peru, o Jornal do Brasil
testemunharia: "Os soldados, nessa cidade pacata, tranquila, quase
parada, perguntam se temos discos de Roberto Carlos e Nelson Ned.
Permanecem o dia inteiro, com uma velha vitrola movida a pilha, ouvindo
dois compactos desses cantores."
Em 1973, o cantor aterrissou na Colômbia, apresentando-se para 80 mil pessoas em uma arena de Bogotá.
No ano seguinte, realizou 72 shows em cassinos mexicanos e 22 espetáculos em Miami.
Meses
depois, lotaria, por duas noites consecutivas, o Carnegie Hall — a mais
importante casa de Nova York, em cujo palco João Gilberto e Tom Jobim
haviam se revelado aos americanos.
Fonte: “Tudo passará - A vida de Nelson Ned, o Pequeno Gigante da Canção” Autor: André Barcinski
Editora: Companhia das Letras
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ESPAÇO ABERTO
Edmar dos Santos
ELA ME AMA
Ela diz que não me quer,
Jura que não me ama,
Mas meu perfume ainda está em sua cama.
Ela diz que já não sente,
Jura que não mente,
Que acabou o casamento,
Mas não consegue me tirar do pensamento.
Ela quer brigar comigo,
Quer me ofender,
Mas na verdade não consegue me esquecer.
Ela me mandou embora,
Até abriu a porta,
E ainda disse que não quer me ver nem morta.
Ela diz que acabou,
Que a fila já andou,
Que nunca me amou,
Mas se demoro ela pergunta onde estou.
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